Um dia o Menino acompanhou o pai ao lado mais verde da paisagem.
Ao longe havia uma pequena colina, onde vivia uma pequena árvore que protegia com a sua sombra uma flor frágil dos raios de um sol forte e agreste.
Quando se aproximaram, o pai decidiu escavar até às raízes da pequena árvore que vivia na bela colina e protegia a flor frágil. Arrancou-a e levou-a. O Menino, enquanto esperava, viu um pequeno escaravelho, que distraído pela rotina de empurrar uma pequena bola de barro, não calculava o perigo que o esperava. Sem hesitar, o Menino pegou no pequeno inseto e aprisionou-o numa caixa de papelão. Pai e filho seguiram caminho sem sentir…
Mal chegaram a casa, exibiram à mãe os respetivos troféus, a árvore e o escaravelho.
Foi no momento em que o Menino abriu a caixa de papelão, que toda a aventura começou. Assustado mas atento, o escaravelho escapou do carcere e voou pelo céu largo e azul de liberdade. E o Menino enfrentou o desafio. Segui-lo até…a um universo desconhecido e verde, anunciado pela copas das árvores. Seria ele capaz? Hesitante, seguiu aquela criaturinha esvoaçante e frágil, que o convidava a atravessar o rio que o separava do seu mundo de terra de castanho triste e ferido pelo descuido do olhar empobrecido dos homens…
Ali, deslumbrou-se!
Correu livremente por entre árvores enormes, esguias e fartas, pelos campos cobertos de mantos de flores várias de aromas intensos e doces, onde o tempo galga sem se dar conta…e, por fim, avistou a pequena colina onde estivera com o pai. Encontrou, ali, a pequena Flor que sem a sombra protetora da árvore arrancada, estava curvada ao peso da seca e sucumbia lentamente.
Ali, o Menino chocou-se! Num ímpeto, correu para o rio. Encheu as pequenas mãos com gotas de água, que ao tocarem a terra crestada que sufocava o caule da Flor, a fizeram ressurgir de uma morte certa.
Num vai-e-vem alucinante, o Menino trazia novas gotas refrescantes que revigoravam a flor e a faziam crescer, crescer, crescer. A Flor, outrora frágil, tornava-se agora na maior Flor do mundo!
Cansado, o Menino deitou o seu coração gigante aos pés da Flor que desprendeu carinhosamente uma pétala gigante e perfumada que o cobriu, protegendo-o do frio da noite que o pôr do sol fazia inevitável.
Ao longe, no mundo castanho e triste, os pais do Menino deram pela sua falta. A busca incessante começou. Familiares, amigos e vizinhos percorreram as redondezas e, quando elevaram os olhos ao horizonte viram, ao longe, para além das margens do rio, uma Flor enorme que surpreendeu a todos. Todos procuraram a colina e, chegados lá, viram o Menino adormecido, resguardado pela grande pétala perfumada…
E o Menino foi levado para casa, rodeado do respeito que apenas quem tem um coração gigante inspira! Como obra de milagre, passava pelas ruas e as pessoas diziam que ele tinha saído da aldeia para ir fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho…uma coisa gigante. Gigante como seu coração!
28/11/2012
